O que fazem então os deputados eleitos pelos partidos para defenderem as suas regiões? Em 2017, Cristas é candidata à Câmara Municipal de Lisboa, mas no parlamento é deputada por Leiria. E foi no parlamento, onde é deputada por Leiria, que Cristas foi fazer campanha para a Câmara de Lisboa. Não basta o plano ser absurdo (20 novas estações para o metro), é também um desrespeito para com os seus eleitores de Leiria, utilizar o cargo para defender os interesses (?) dos Lisboetas. A não ser que a ideia das 20 estações seja ligar Lisboa a Leiria.
Felizmente, alguns fazem as perguntas necessárias: Deputados por regiões, para quando? Os deputados da Assembleia da República são eleitos por círculos eleitorais geograficamente definidos na lei, mas serão eles verdadeiros defensores dos interesses das regiões que representam? Não, até porque grande parte nem sequer é natural das mesmas e, durante o mandato, não as auscultam nem residem lá. Nas legislativas de 2015 Teresa Caeiro chegou a pedir "desculpa" à distrital do CDS/Algarve por ser candidata a deputada: "Desculpem lá o ambiente que eu vim causar. Também não tive culpa de ser nomeada pelo Paulo Portas para a lista de Faro."
Claro que mesmo que os deputados sejam de facto das regiões, o regime político de Abril de 1974 está feito para o resultado ser o mesmo. Em 2015, mais de metade dos 230 deputados da Assembleia da República foram eleitos em apenas cinco círculos, com o de Lisboa a escolher 47 parlamentares e o círculo do Porto 39. Além de Lisboa e Porto, o top cinco dos círculos que elegeram mais deputados integra ainda Braga, Setúbal e Aveiro. Em comparação, por exemplo, Portalegre apenas tem dois lugares no parlamento.
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