O 25 de Abril [de 1974] foi uma revolução, em que só os revolucionários contaram. O mesmo, porém, não deveria ser verdade para 12 de Junho de 1985, data da assinatura do tratado de adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia (CEE). O 12 de Junho não foi um referendo. Apenas uma "assinatura". Não porque o regime tivesse menorizado o momento. Pelo contrário: em toda a história democrática, poucos eventos mereceram uma encenação tão pomposa, com a nova oligarquia democrática a ocupar o mosteiro dos Jerónimos, como os navegantes de uns novos Descobrimentos. A oligarquia decidiu, desde cedo, tratar a adesão como uma fatalidade. Portugal não tinha escolha, se queria sobreviver e prosperar. A "Europa" era a terra prometida de um povo a quem as fronteiras de uma velha independência não bastavam para a salvação. Depois da Índia, do Brasil e da África, era a vez da Europa. A Europa mudou. Portugal também. Em 1985, os portugueses eram ainda uma população jovem nu